quarta-feira, 22 de abril de 2009

Batida

Um fala que está viciado em você. Que não vai deixar você sair do MSN porque você é tudo de bom. O outro te chama pra ir com ele cinema (e você não vai, claro). O outro pega seu telefone sem ao menos ter te beijado, te liga no dia seguinte e quer te ver no mesmo instante (e você também não vai, claro). E tem aquele seu ex. Que agora cismou que você é a mulher da vida dele. Ele te liga insistentemente todo final de semana, te chama pra ir ao cinema, pra ir pra num sei onde... E adivinha? Não. Você não vai.

E ainda tem aquele distante, bacanérrimo. O cara quer sair lá do Paraná pra vir te ver. E você dá 500 desculpas, diz que não vai estar na cidade nos próximos meses e nem sabe quando volta. Ah, sem falar no gato praiano que você conheceu no carnaval. Meses depois, ele ainda te manda e-mails, e cisma que queria passar mais tmepo com vc. Fora seu vizinho gato (e casado). Fora aquele moreno, aparentemente seu tipo que só te viu uma vez na vida, pegou seu telefone e sumiu no mundo.

O que está acontecendo com o mundo? Ou o problema é você? Por que, diante de inúmeras possibilidades, você não consegue simplesmente escolher? Tem alto. Baixo. Rico. Pobre. Loiro. Moreno. Sarado. Flácido. Tatuado. Careta. Médico. Advogado. Herdeiro (sim, herdeiro é a profissão dele!!!). Cabelo liso. Cabelo espetado. Caseiro. Da night. Da rave. Do sertanejo. Que mora no seu prédio. Que mora em outra cidade. Solteiro. Casado. Seu ex. Ex-namorado da sua amiga. Tem pra todos os gostos. Menos pro seu. Será que é porque a gente se perde diante das possibilidades? Ou quanto maior a gama de opções, mais você quer escolher? Ou é só porque você resolveu ficar velha e exigente? Ou não, nada disso?

Talvez essa não seja uma escolha tão objetiva assim. Talvez não dê pra montar seu modelo de cara ideal e apontar: é esse. E talvez você nunca vá conseguir reunir todas as características que você admira, num cara, em uma só pessoa. E talvez, mais importante ainda, talvez nada disso importe no final das contas. Você ainda não encontrou “o cara” porque simplesmente ainda não “bateu”. Porque a batida perfeita não deixaria você errar jamais.

A batida perfeita é mais coração do que razão. É mais pele do que cabeça. É mais sentido do que entendimento. É viver mais e entender menos. É simplesmente ir sem se importar se é a melhor festa da cidade ou se a casa do cara é lá onde Judas perdeu as botas. É achar lindo aquela barriga mole. É achar lindo as coisas clichês que ele fala. É se tornar um pouco clichê também. A batida perfeita acontece quando você menos espera. Pode ser o amigo do amigo do amigo. Ou aquele cara que você conhece há 15 anos e nunca havia prestado atenção nele antes. Ou aquele cara que surgiu do nada numa festa e entrou na sua vida tão aos poucos que você nem percebeu.

A batida perfeita simplesmente acontece. Sem que a gente tenha o mínimo controle sobre a gente mesma. Sem que a gente tenha que fazer qualquer tipo de escolha. E todo o resto? Bom, todo o resto serve pra fazer você dormir e acordar acreditando que você é realmente tudo de bom. Que você tem essa capacidade de deixar alguém viciado em você. Ou que você move o mundo e faz qualquer pessoa atravessar o oceano pra te ver. Ou que você possa realmente ser a mulher da vida de alguém. Todos esses outros são aqueles caras do bem que entraram na sua vida pra fazer você acreditar em você. Pra massagear o seu ego e fazer você acreditar que realmente pode escolher alguma coisa. Até o dia em que você não vai ter escolha.



Vai acontecer e você vai saber na hora.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tipos

Lá estava você. Sentada em uma mesinha daquele lugar badalado na cidade. Você e seu drink favorito da noite. E eis que surge aquele homem, do nada absoluto. Com uma abordagem um tanto quando manjada “Você está sozinha aqui? Cadê suas amigas?”. Você não repara muito no homem mas, à primeira vista, ele é o oposto do seu tipo ideal de homem.

Você gosta de loiros, altos e de olhos claros. Mas você é uma baita mulher, da maior finesse e não vai destratar o cidadão. Então, vocês começam um papo típico de pessoas que se conhecem na noite. O velho e bom “como é seu nome”, “o que você faz da vida”, “onde você mora” e por aí vai. Em poucos minutos, você conclui que uma conversa interessante vale muito mais do que um rostinho bonito. Do que um bíceps de 40cm de diâmetro. Do que um cabelo loiro ou uma pele bronzeada. E, mais do que isso. Em cinco minutos de conversa, você descobre que o cara conhece seu chefe. Adivinhou seu sobrenome quando você disse a cidade onde mora sua família. Coincidência??? Deixa pra lá (você mora numa cidade com mais de um milhão de habitantes e deve ser normal que essas coincidências aconteçam mesmo).

Mais alguns poucos minutos e o cidadão passa da condição de homem-nada-seu-tipo para homem-que-você-beijaria. Pois bem. Você acaba beijando o cidadão e descobrindo que uma química sem noção acomete também as pessoas que não são o tipo umas das outras. Você achava mesmo que só se atraia pelo estilo Brad Pitt e por aquele saradíssimo bronzeado da academia. Você nunca pensou que pudesse se atrair pelo playboy frenético da música eletrônica. Ledo engano. Mas, lá estava você. Encostada na parede da boate como nos tempos de adolescente. Segurando aquele cabelo macio. Beijando uma boca nova e quebrando conceitos antigos. Derrubando vodka com energético no seu Schutz novinho e morrendo de rir da situação. Perdendo o fôlego e tentando controlar a respiração. Quebrando as regras. Quebrando seus próprios limites. Deixando seus instintos te guiarem.

Até onde vai? Você não faz a mínima idéia. A única coisa que você sabe agora é que você não sai mais por aí procurando homens seu tipo. Procurando homens com um rótulo específico. Comprando o produto pela embalagem. Agora, e daqui pra frente, você lê a bula. Você checa se os compostos químicos são compatíveis. Você pula a parte que fala dos efeitos colaterais (isso você acaba descobrindo mais cedo ou mais tarde!). E, claro, evita a superdosagem. A superdosagem mata qualquer um.

O conceito do homem seu tipo, agora, está completamente reformulado. O homem seu tipo tem um papo legal. Ele lembra coisas que você disse na segunda vez que saíram que nem você lembrava de ter dito. Ele ri das coisas idiotas que você fala. Ele fala coisas mais idiotas que você. Ele ouve você cantar, pela décima vez, aquela música baranga que você adora. Pior: ouve você cantar e dança junto no meio da rua. O homem seu tipo entende um conceito de pontuação louco e imaginário que você criou, na sua cabeça, para avaliar a atitude das pessoas positiva ou negativamente. Ele dorme infinito.

O novo homem seu tipo não pode ser encontrado em festivais de Pop-rock, Axés e Micaretas, pois ele, dificilmente, poderá ser reconhecido à distância. Mas, não se preocupe se não o identificar logo de cara. Você, certamente, irá reconhecê-lo assim que ele abrir a boca.



E, o mais importante: o homem que não te quer, definitivamente, não é seu tipo.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Padrões

Eu nunca me dei bem com regras, nem quando tento criar regras pra mim mesma. Essa coisa de padrão de comportamento, padrão de beleza, padrão disso e daquilo só serve pra frustrar aqueles que não se encaixam nos tais “padrões”.

Quem teve a infame idéia de determinar o que é certo pra vida das pessoas como se todo mundo tivesse que ser igual? “Tias velhas” que te perguntam toda semana porque você não tem um namorado sem cogitar a hipótese de que você não está namorando porque não aceita qualquer coisa e não vai pegar o primeiro “mala” que aparecer na sua frente com promessas idiotas. Quem foi que inventou que a gente tem uma idade pra casar? E que tem alguma coisa errada com a pessoa porque ela se aproxima dos 30 anos e não se casou ainda. Quem é o fiscal do tempo? Por que alguém não pode se casar com 40 anos? Acho estranho como as pessoas têm essa mania incontrolável de querer fiscalizar a vida das outras, ditando regras e criando padrões.

O resultado disso? Pessoas frustradas. Todas. Pessoas que fazem o que querem, mas se perguntam se deveriam fazer como manda a regra. Pessoas que seguem as regras, mas percebem que, no fundo, deveriam fazer o que elas realmente gostariam de fazer. Casamentos frustrados. Mulheres que se casam antes que fiquem “velhas demais” pra se casar. Homens que se casam porque empurraram um namoro com a barriga por sete anos (e agora a barriga está tão grande que ele se vê lerdo, prostrado diante da TV assistindo Faustão domingo à tarde enquanto a namorada passa creme de pepino na cara e faz chapinha no cabelo).

Você tem que ter 1,80m, pesar 50 quilos, ser loira, linda e difícil. Tomar a iniciativa? Jamais. Ter 31 anos e namorar um bonitão de 19? Tá louca! A menos que você seja a Ivete Sangalo... e mesmo assim, vai ter que agüentar as capas de jornais e revistas de todo o país divulgando o “mico”.

Namore caras mais velhos, ricos e independentes. Case-se antes dos 30. Seja linda. Independente. Ganhe bem - mesmo que todo seu dinheiro seja torrado em bolsas Louis Vuitton e sapatos Prada. Tenha um cachorro de bolsa. Sorria quando quiser chorar. Tome remédios pra dormir. Tenha o Prozac como seu melhor amigo. E, se sobreviver a tudo isso, me conte depois.


Eu vou querer estar aqui pra saber.